segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Sacerdotisa e os Segredos que Descansam em Nós

As cartas do Tarô nos mostram uma viagem longa, com idas e vindas, vitórias e desafios, movimentos e paradas, expansão e recolhimento.

Tarô Mitológico
Fonte: http://www.oficinadaalma.com.br/taro/galeria/index.htm
Uma das cartas que nos convidam a uma parada, uma pausa, um recolhimento é A Sacerdotisa.

Depois de toda agitação sem controle do Louco que nos joga nessa vida cheios de confiança e inocência, de toda malícia, movimento e agilidade do Mago que começa a usar a razão e dar impulso a objetivos, precisamos de uma parada estratégica.

Tanta energia movimentada com O Louco e O Mago precisa ser acolhida, elaborada, entendida, para ganhar significado dentro de nossa alma.

E a grande guardiã dos mistérios da Alma, é A Sacerdotisa.

Estamos recebendo a primavera, essa semana, e aqui no Sul o inverno está se despedindo úmido e gelado.
Essa semana também a Lua vai se recolher, começando a minguar até sumir no céu.

Então nesses dias úmidos, gelados e cinzas, é um bom momento para acolher e aconchegar na profundidade da Sacerdotisa, assim quando a primavera tomar seu lugar, a Lua brilhar no céu e os dias se encherem de luz e calor poderemos receber A Imperatriz com uma alma sábia e serena. Para assim prosperar em terra fértil.

Essa semana viajo nos braços da doce e misteriosa Sacerdotisa, sem medo da profundidade de meu ser.
Aninhada a magia dela, vou aguçando minha intuição e semeando em solo profundo.



terça-feira, 17 de setembro de 2013

Tarô com abordagem terapêutica

Descobri o termo "Tarô Terapêutico" na obra de Veet Pramad a alguns anos atrás e me identifiquei de imediato com essa abordagem - aqui mesmo cito essa obra do autor:
 http://listarologa.blogspot.com.br/2013/08/somos-os-cozinheiros-de-nosso-destino.html.

Nunca me senti confortável usando o Tarô apenas como ferramenta divinatória por não acreditar em um futuro predestinado e imutável. Seria uma covardia do Universo, da Vida, nos revelar um futuro e não nos permitir intervir nesse futuro.

Então partindo do Tarô como um caminho a ser trilhado, encontrei nele uma ferramenta de autoconhecimento, de desvendar o que existe dentro de mim e eu não conseguia perceber.  Logo percebi que eu mesma repetia padrões de comportamento que sempre me levavam ao mesmo resultado e alguns desses resultados não estavam agradando  - e ainda me pego fazendo isso, mas procuro me manter atenta, sempre identificando anseios e motivações.

Identificados os padrões de comportamento, os anseios internos, a energia atual e as tendências futuras percebi que ficava mais fácil manter o foco e a energia direcionados para mudar o que não estava agradando.

Mudar, melhorar, curar. Curar, aí entre o termo "terapêutico".
Se percebo onde estão as lacunas então começo a visualizar forma de preencher essas lacunas.

Assim o Tarô se torna uma ferramenta de "diagnóstico". Tendo em mãos o problema trazido a luz da consciência cabe buscar formas de resolver essas questões.
Aí comecei a ver na própria ferramenta de "diagnóstico" - O Tarô - também a ferramenta para a cura, usando as lâminas do Tarô para focalizar a mente, buscando a energia que preciso desenvolver naquele momento.

Temos ainda outras possibilidades de cura, associando o Tarô a outras ferramentas:
 - Visualização e mentalização do que precisamos desenvolver - o que uso hoje.
 - Meditação
 - Florais
e com certeza muitas outras ferramentas que ainda não experimentei associar ao Tarô.

Dessa forma o Tarô não é um buraco na fechadura que nos coloca como crianças curiosas que espiam o que está por vir, sem autonomia e maturidade suficientes para intervir.
O Tarô se torna uma série de portas e janelas a serem abertas para nos permitir um voo de liberdade e independência.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Arcanos Menores e os Quatro Elementos

Sempre debatemos e ouvimos falar muito dos Arcanos Maiores do Tarô - as 22 cartas que trazem imagens arquetípicas e tocam fundo em nossa alma.

Mas não podemos esquecer a importância dos 56 Arcanos Menores do Tarô.
Divididos em quatro naipes, cada um representando um elemento, que, por sua vez detalha uma parte da nossa vida cotidiana.

A energia sutil dos Arcanos Maiores é trazida para a vida prática, sintetizada nos Arcanos Menores.


Ás de Ouros do Tarô de Marcelha

O naipe de Ouros traz o elemento terra, é ligado a esse elemento tudo aquilo que é visível e palpável.
É nosso corpo físico, nossas raízes, nosso sentido de realidade.  Tudo o aquilo que nos mantém ligados a terra, com os pés firmes no chão.
Esse naipe fala das finanças, de como lidamos com ganhos e perdas financeiras, como buscamos nosso sustento. Fala também de nossa relação com nosso corpo físico, nossa busca por prazer físico e sensação de saciedade.




Ás de Copas do Tarô de Marcelha
O naipe de Copas representa o elemento água e na nossa vida
corresponde às nossas emoções, afetividades e sentimentos.
Aqui saímos da sensação física e passamos a sentir e perceber emocionalmente.
É o elemento fluído, que como as emoções não tem uma natureza que admita ser medida, dominada.
As Copas trazem nossa busca por afeto, nossa necessidade de amar e ser amado, de viver e expressar os sentimentos, que livres podem fluir como água corrente, mas represados podem tomar uma força perigosa gerando bloqueios e conflitos.



Ás de Espadas do Tarô de Marcelha
O naipe de Espadas é ligado ao elemento ar.
Ágil, volúvel, difícil de controlar, esse elemento está ligado à nossa mente. Traz as oscilações de nossa mente, nossos conflitos, nossa forma de nos comunicarmos e nos relacionar, expressar.
Aqui aparece a estratégia, a inteligência, a frieza racional e agilidade mental.
Como nossa consciência está sempre elaborando tudo que necessitamos(ouros/matéria), o que sentimos (copas/afetividade) e o que sonhamos/desejamos(paus/inspiração).
É nesse plano que os conflitos se manifestam, por isso a necessidade de aprender a serenar a mente para trabalhar de forma consciente e equilibrada todos nossos pilares.



Ás de Paus do Tarô de Marcelha
O naipe de Paus simboliza o elemento fogo e com ele nossos impulsos, inspirações, sonhos e desejos.
Esse é o motor que nos mantém vivos e cheio de projetos.
Aqui também temos a parte profissional, a vocação mesmo, aquele trabalho que nos inspira e nos faz sentir útil.
Podemos também entender esse elemento como o espírito que anima e dá vida ao corpo.


Gosto de imaginar uma sequência linear de ida e vinda para visualizar os elementos, lembrando que é uma forma de entendimento, mas que essa
sequência não deve ser levada como regra, visto que o Tarô não é um sistema linear.

Paus > Espadas > Copas > Ouros:
Aqui podemos exemplificar um projeto, um objetivo prático a ser atingido, de sua idealização até sua concretização
Quando começamos a desejar, idealizar e sonhar com nosso projeto estamos vivenciando a inspiração  no   naipe de Paus.
Ao acalentar o desejo de realizar esse projeto vamos desenvolvendo sentimentos em relação a isso, nossas emoções são tocadas pela inspiração e aí entramos nos domínios do elemento água, com o naipe de Copas.
Começamos também a vivenciar as dúvidas, conflitos e medos, a racionalizar e ponderar, traçando estratégias para atingir nossa meta. Fazemos isso com a mente, entrando nesse estágio no elemento ar, o naipe de Espadas.
Então partimos para a ação, para agilizar a parte prática, para "colocar a mão na massa" e ver nosso projeto se concretizando. Nesse momento encontramos o elemento terra, o naipe de Ouros.

Ouros > Copas > Espadas > Paus:
Aqui podemos exemplificar um trabalho de elevação, algo que temos que aprimorar, vivenciar até adquirir um entendimento diferenciado - uma vivência espiritual, por exemplo.
Aqui vamos do concreto ao mais sutil:
Partimos da vida prática, dos sentidos físicos, de nossas necessidades, com o naipe de Ouros.
Então começamos a racionalizar, mentalizar, catalogar, colocar a energia no nosso consciente, enfrentando desafios, com o naipe de Espadas.
Começamos a nos envolver e apaixonar pela meta de elevação, refinar os sentimentos, vivenciar afetivamente a situação, estando nesse momento no naipe de Copas.
E assim atingimos a inspiração e a evolução, nos aquecendo na chama do elemento fogo, com o naipe de Paus.

Sendo que o tempo todo vamos e viemos no caminho acima, flutuando um pouco em cada uma dessas áreas e sempre tentando equilibrar todas elas.

sábado, 14 de setembro de 2013

Na Sombra da Lua Cheia

Kleiton & Kledir - Canção da Meia Noite 
"Dona senhora, meia-noite eu canto
Essa canção anormal
Dona senhora, nesta lua cheia
Meu corpo treme, o que será de mim?
Que faço força pra resistir a toda essa tentação
Na sombra da lua cheia, esse medo de ser
Um vampiro, um lobisomem, um saci-pererê"

A Lua é um grande mistério para mim no Tarô, e isso não é de estranhar, pois ela é o arquétipo do mistério, do oculto e profundo.

Das profundezas da Lua emergem inquietações que levam a novas percepções. Mas não há como mergulhar em nossas profundezas sem encontrar tesouros e fantasmas.

Esse Arcano fala de nosso inconsciente, das profundezas da alma, dos processos que estamos gestando, internalizando. A Lua é fértil e abundante, mas essa fertilidade ainda está escondida, como a semente na terra, como o embrião no ventre.

Gestamos nossos sonhos e medos e a Lua é a guardiã dessa gestação.

Lembrando que tudo que nasce precisa de seu tempo de escuridão, de viver dentro, nas profundezas.
Protegidos pela escuridão da noite recompomos nossas forças durante o sono, sob o reinado do inconsciente. E protegidos nessa escuridão nossos sonhos começam a se formar.

A Lua pode indicar confusão mental, emoções atribuladas, mas também prevê boas novas, já que algo está sendo trabalhado a nível inconsciente.
O contexto, a energia que cerca a carta vai apontar se o que está internalizado vai encontrar vazão saudável ou se estamos sufocando algum processo causando desconforto, bloqueando a fluidez dos acontecimentos.

Vejo na Lua a convergência entre o mental e o emocional, exatamente por isso o conflito é natural nesse processo. Aqui estamos tentando ultrapassar as fronteiras do mental para ir além, ou melhor, mais fundo.
http://www.oficinadaalma.com.br/taro/galeria/index.htm
E a mente luta para não perder seu reinado, mas a Lua está inflando nossas emoções como infla as marés.

A mente luta acionando todos nossos medos, pois nossa mente tem grande medo de "Na sombra da lua cheia" "ser um vampiro, um lobisomem, um saci-pererê".  Medo de tudo que não pode explicar racionalmente, e emoção, sentimento e intuição - domínios da Lua - não podem ser explicados, mas sim vivenciados.

As cartas do Tarô que nos paralisam, nos deixam sem respostas, são uma grande pista sobre nós. E não é difícil ver um Tarólogo intrigado diante de uma Lua. Prova da grande fonte de descobertas que esse arcano tem a nos oferecer.

A Lua ainda me intriga, mas quero me banhar nessa escuridão fertilizante. Pois sei que desse mergulho voltarei mais sábia.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Mago - Entre a Malícia e a Inocência


Ousado, irreverente, malicioso e inocente, nosso Mago, Arcano 1 do Tarô.
A meninice do Mago traz impulso para início de novas jornadas, coragem para iniciar a viagem e a necessária inocência para não se deixar paralisar pelo medo.

Mas esse Mago é um garoto nada comportado, como a criança descobrindo o Mundo e desafiando os limites. Esse Mago aprendeu a mágica, os truques a manipulação para moldar a realidade de acordo com seus desejos.

O Mago também é muito dual, tendo livre acesso ao "bem" e ao "mal", ao "claro" e ao "escuro".

Raul Seixas, na canção "Pastor João e a Igreja Invisível", ilustra bem a malícia e lábia desse Mago sedutor:
O Mago do Tarô Mitológico
"Eu não sei se é o céu ou o inferno
Qual dos dois você vai ter que encarar
E foi pra não lhe deixar no horror
Que eu vim para lhe acalmar"
No trecho acima, nosso Mago, com seu acesso privilegiado, promete lhe acompanhar na viagem, mas estejamos atentos, pois esse Mago, nos dá a mão no início da jornada, mas não nos acompanhará por todo o caminho! Ele é impulso sem promessa de continuidade.
"Pois eu transformo água em vinho,
Chão em céu, pau em pedra, cuspe em mel
Pra mim não existe impossível"
Aqui o Mago mostra sua arte do Ilusionista, o mágico, aquele que encanta com seu poder de manipular a realidade. Transformar é a promessa do Mago, mas lhe falta profundidade para levar essa transformação adiante.
"O sucesso da minha existência
Está ligado ao exercício da fé
Pois se ela remove montanhas
Também tráz grana e um monte de mulher."
Acima percebemos claramente a inocência, ao necessitar de fé e entrega para esse Mago se firmar se contrapondo a malícia descarada desse garoto que descobriu as vantagens que pode obter.

Bom comportamento e comprometimento não podem ser exigidos do Mago, agora impulso, movimento, riso solto e aquela pitada "má intenção" é com esse moço mesmo.





terça-feira, 3 de setembro de 2013

Pra onde tenha Sol É pra lá que eu vou

O Sol - Jota Quest
"Ei, dor!
 Eu não te escuto mais
 Você não me leva a nada
 Ei, medo!
 Eu não te escuto mais
 Você não me leva a nada
 E se quiser saber
 Pra onde eu vou
 Pra onde tenha Sol
 É pra lá que eu vou"


No Tarô e na Vida ele é essencial e grandioso.
O Majestoso, ilumina, aquece, traz vida e colorido.
O Sol no Tarô de Marcelha
http://www.oficinadaalma.com.br/taro/galeria/index.htm
Mas também confunde, ofusca, ilude e queima.

Arcano 19 do Tarô, nos brinda com seu brilho após o mergulho profundo e escuro da Lua e nos aquece e energiza, amadurecendo o fruto a ser colhido no Julgamento.

Mesmo sabendo que nada na vida é somente benéfico não consigo deixar de ser seduzida pelo Sol!
O Sol no Tarô Mitológico
Otimismo e positividade, energia expansiva, visão clara do caminho, intuição e razão alinhadas - são minhas percepções desse Arcano.

Apolo representa muito bem, no Tarô Mitológico a clarevidência e dons artísticos que O Sol estimula.
Apolo,  Deus do Sol na mitologia grega, irmão gêmeo de Artémis Deusa guardiã dos mistérios da Lua, nessa dualidade nos lembra que Sol e Sombra buscam um ao outro.
Lição a manter em mente para não se queimar no fogo sedutor do Astro Rei.

Mas o poder do Sol é um poderoso antídoto contra o medo e excelente curador de qualquer dor.
E certos de que a Luz do Sol sempre voltará a iluminar tudo, podemos ceder aos encantos da Lua, descansar nas sombras da noite e lavar a alma em qualquer chuva torrencial. Pois mesmo oculto, Ele, o adorado Sol sempre está a espreita, pronto para abrilhantar e aquecer a Terra com seus raios luminosos.



domingo, 1 de setembro de 2013

A Temperança, ou melhor, A Arte - A Arte de Transmutar!!!

A Temperança - Tarô de Marcelha -http://www.oficinadaalma.com.br/taro/galeria/index.htm
"SÓ DA PARA MELHORAR O QUE ESTÁ BOM, PORQUE O QUE ESTÁ RUIM TEM QUE TRANSMUTAR.
E por que é tão difícil transmutar? 
Porque a gente quer ter controle sobre a vida, queremos certezas do resultado final, temos medo de arriscar, de experimentar; não queremos sentir dor. Porque temos que abrir mão de "presentes" e reconhecimentos que nos oferecem quando mantemos a ordem das coisas. E olha que é cada presentinho miserável!"
Ana Thomaz
http://anathomaz.blogspot.com.br/2010/01/transmutacao.html 

Perder o medo da Morte foi fácil, perder o medo da Torre foi uma vitória, agora perder o preconceito quanto A Temperança está sendo um aprendizado.


A Arte - Thoth Tarô -http://www.oficinadaalma.com.br/taro/galeria/index.htm 
A Temperança me parecia aquela carta "morna", muito "certinha", muito equilibrada, muito politicamente correta.

Hoje sei que manter o equilíbrio é para poucos, ser certinho é utopia e ser politicamento correto é apelido pejorativo para ser consciente, não ser preconceituoso, não sair repetindo o senso comum como papagaios.

Realmente, precisamos de muitas Torres para chegarmos a entender A Arte da Temperança.

Mas enquanto não atingirmos esse equilíbrio, essa serenidade de transmutar de forma séria e consciente nossa vida, vamos seguir acumulando escombros de Torres desabadas.

De que adiantar Morrer se não for para renascer transmutados, novos, outros e não remendos de nossos velhos escombros?

De que adianta ruir se for para sair catando os caquinhos velhos e se remendando, cada vez mais disforme?

Se está ruim não tem o que melhorar, tem transformar, transmutar! E não fazemos isso em meio ao barulho da Torre desabada, nem afogados no luto da Morte.

Transmutamos no silêncio, na sabedoria, na serenidade. E acima de tudo transmutamos a nós mesmos, não o mundo exterior.

Aprendi que sempre que quero impor minhas ideias é porque eu mesma ainda não estou segura dessas ideias, então luto para convencer o outro e assim me convencer.

Agora aquilo que já transmutei vou saber silenciar e dividir apenas se solicitado. Depois de deixar minha grande descoberta amornar, ficar maleável e se integrar a mim, não preciso mais fazer dela a Torre dos outros.

Mas ainda estou desvendando essa Arte, namorando ela, entendendo, olhando e fugindo, tocando e temendo.
Hoje sei que não é a Temperança que é morna, eu é que andava buscando emoções fortes em barulhos exagerados.

Quando eu aprender a transmutar, não vou insistir em te ensinar,  mas vou estar mais aberta para aprender mais e mais da tua arte, aí sim, vamos integrar mais e competir menos.

Temperança sua linda! não te chamo mais de morna depois que tu me ensinar a transmutar, estamos combinadas assim????